Tanto tempo, tantas voltas, tantas pessoas. Sempre o mesmo. E tropeçando em cansaços, solidões, escassez financeiras, problemas familiares vai-se chegando ao entorpecimento do ser. Os mesmos sorrisos em caras diferentes, as nossas confidências nas vozes exteriores a nós. E é engraçado como se anda devagar e tudo o resto passa vertiginosamente rápido. As caras passam tão rápido que mal as memorizamos, os nomes optamos por não os conhecer. E apalpamos o peito para verificar o buraco que foi deixado, do que optámos por fazer para sobreviver. Amputar uma parte do corpo para este sobreviver. E se eu nunca pensei sobreviver com essa parte... nunca pensei sobreviver sem ela. O meio termo das duas agonias é o que permite continuar. Ora ter, ora não ter. E quando se quer ter e não se permite ter (ou não se tem e queria se ter) damos por nós de volta das mesmas dúvidas e meios, a olhar para todo o lado menos para o chão, tropeçando nos cansaços, solidões, escasses financeiras e problemas familares. E parece tudo tão familiar...