Thursday, January 07, 2010

Trabalhar Por Prazer Pt1

Já me debati com esta questão muitas vezes no passado e não foi em meras dissertações filosóficas, foi em depressões angustiantes sobre o sentido da vida. Numa altura em que estava a começar a querer expressar-me artisticamente, naquele caso em específico, pela música. No entanto a minha vida não permitia a que pudesse me atirar de cabeça porque tinha que ganhar dinheiro. Essa obrigação era uma opressão, afinal tinha que fazer algo que não queria para ganhar dinheiro mas que me impedia de me concentrar naquilo que gostava de fazer mas que não me trazia rendimento. E dez anos passaram, mais coisa menos coisa. Foram precisos dez anos para que mudasse a minha maneira de pensar ou sentir. Para que pudesse sentir uma certa paz de espírito e aceitação com o estado presente das coisas e principalmente, que me pudesse aperceber que apenas desta forma tenho a liberdade que preciso. Todos nós trabalhamos por dinheiro - todos nós, os que trabalhamos, claro - e fazêmo-lo porque precisamos de comer, pagar as contas e todas aquelas cenas à quais não podemos fugir e às quais mergulhamos. E nos tempos livres somos... livres. Para criar e fazer o que desejamos. Porque o queremos fazer. A partir do momento em que temos de o fazer para ganhar dinheiro, teremos que agradar alguém, teremos de fazer para alguém que não nós próprios. Ok, não vou cair na ilusão de que no mundo da arte não tem de se fazer compromissos, mesmo daqueles que não vivem da arte que criam. Há sempre compromissos, porque é impossível fugir do meio em que se está inserido mesmo que o tente fazer consciente. Mas o ter de trabalhar em algo que amamos fazer às ordens de outra pessoa ou com a pressão de atingir certos objectivos que não a satisfação pessoal resulta em frustração.
Ou melhor, tudo o que se faça por obrigação pode resultar em frustração.
O segredo é não fazer por obrigação aquilo que se quer ter prazer.