Saturday, November 04, 2006

Voltas

Tanto tempo, tantas voltas, tantas pessoas. Sempre o mesmo. E tropeçando em cansaços, solidões, escassez financeiras, problemas familiares vai-se chegando ao entorpecimento do ser. Os mesmos sorrisos em caras diferentes, as nossas confidências nas vozes exteriores a nós. E é engraçado como se anda devagar e tudo o resto passa vertiginosamente rápido. As caras passam tão rápido que mal as memorizamos, os nomes optamos por não os conhecer. E apalpamos o peito para verificar o buraco que foi deixado, do que optámos por fazer para sobreviver. Amputar uma parte do corpo para este sobreviver. E se eu nunca pensei sobreviver com essa parte... nunca pensei sobreviver sem ela. O meio termo das duas agonias é o que permite continuar. Ora ter, ora não ter. E quando se quer ter e não se permite ter (ou não se tem e queria se ter) damos por nós de volta das mesmas dúvidas e meios, a olhar para todo o lado menos para o chão, tropeçando nos cansaços, solidões, escasses financeiras e problemas familares. E parece tudo tão familiar...

Sunday, July 16, 2006

Canção do Desalinhado

Simples. Alinhar pelas esquinas, pelos cantos da casa. O mundo é a minha casa. O caminho torna-se escuro por vezes, não que a luz diminua mas os meus olhos apenas se tornam cansados. Muito cansados, tal como a mente e o corpo. É normal. E a cada nova canção que surge tenho a necessidade de a mostrar a alguém mesmo que não seja a pessoa que quero realmente mostrar e é estranho. Não deveria ter essa vontade. É o que me desalinha. Deveria cantar a minha canção alto e bom som não porque é importante que me ouçam mas porque é importante que eu a cante. A canção em si é universal, unica e especial para cada um. Podem existir medleys mas o original vai sempre estar lá, não morre. Não pode morrer. Eu desfiz-me de um medley e custou... penso que custe sempre. Afinal os medleys reunem sempre o melhor de mundos e quando acabam sentimos que ficamos sem nenhum. E esquece-se a música original. E esse está lá sempre. Sempre esteve. Amarga, doce, triste, alegre... não interessa é a nossa. E por vezes é bom perdemos o medley. Para nos lembrarmos o quão especial a original é. Não por ser a melhor música do mundo mas a simplesmente por ser a nossa.

O refrão pode ser foleiro, a música pode ser básica, a voz desafinada, mas é a nossa música. Somos nós. E o não me interpretem mal, estou a falar no plural por todos vós que nos ouvem, por todos os membros deste simpático local. Todos temos coisas boas, todos temos coisas más. Mas o o que somos não se altera por alguém aparecer na nossa vida. Quer dizer isso pode acontecer e acontece frequentemente, mas... o original é sempre o original. É o que somos... e é isso que interessa, nao é...?

Ultimamente muito tenho ouvido dizer de que no final estamos sozinhos. E é verdade.
Ultimamente muito tenho dito de que no tenho um coração de pedra. E é provavelmente mentira.

Mas nada disto muda a minha canção e ninguém a vai mudar. Posso estar sozinho mas vou cantá-la. Posso ter perdido a capacidade de amar mas vou cantá-la.
É o que sou. Não interessam os adjectivos.

Apenas a melodia.

... não a conseguem ouvir...?

Thursday, July 13, 2006

Miss You Today

Hoje voltei a ler tudo o que escreveste. Já se passaram meses. Tinha tudo arquivado na memória do computador. (O que interessa?). Voltei a ler tudo, ou quase. Muitas das imagens já nem lá estavam. Eras apenas tu, o que sentias, o que te magoava, o quanto o amavas sem que ele te merecesse...Mas tu amava-lo, mesmo assim.
Tenho saudades de ti, hoje. Não apenas hoje mas em quase todos os outros dias. Fizeste-me sofrer sim. Não sei se foi mentira ou verdade mas o certo é que ficou marcado em mim. Nunca compreendi porquê, porquê eu, porquê aquilo. Porquê...depois de eu ter confiado tanto em ti. Depois de eu te ter tentado...acarinhar tanto.
Tanto tu como eu sonhávamos com um mundo irreal, que os outros condenavam, depreciavam.Das poucas vezes que estivemos lado a lado, falaste-me de ti. Dele. Do teu mundo. Do que sonhavas para ti.
Eu só queria ter-te dado a mão nas alturas certas mas de certa maneira, não era a minha que tu querias...havia outras. Outras que te tinham segurado mais vezes, as mesmas que te deixaram...ou fizeram... cair.
Não sei o que hei-de pensar. Se tudo aconteceu então não faz sentido sentir a tua falta desta maneira, como se alguma vez tivesses...feito parte de mim. Mas sim, sinto. Sinto que durante algum tempo, pouco tempo talvez, fomos iguais.
Agora somos meras sombras que nos evitamos, que procuramos de vez em quando sentirmo-nos mais perto...Mais perto do que já fomos?
Ou continuamos a ser?
Diz-me...ainda és assim? Ainda quererias a minha mão agora?
E...tornarias a afastar-te quando outras mãos se estendessem?
Diz-me...sinto a tua falta.

Saturday, May 20, 2006

Amor

Uma querida amiga minha tem uma opinião muito... própria do amor. Sempre que falamos disto discutimos (no sentido positivo do termo) sempre. Eu apresento os meus argumentos contra os dela, mas confesso que cada vez mais é-me difícil argumentar. Ela acredita que o amor é uma merda. Que nos damos para sofrer, para sermos magoados. Que é uma ilusão idiota que serve apenas para nos aprisionar a um estado apático de sofrimento. Eu tento dizer gentilmente que isso é o resultado de uma relação menos boa que a magoou muito, que é impossível generalizar. Mas isso sou eu que sou um idiota romântico e lamechas. Sempre acreditei no amor como a nossa salvação ou pelo menos como a minha. Tanto amor carnal como espiritual, amor que se tem pela nossa família, amigos e aquele amor. Mas provei o sabor amargo do sangue que resulta das feridas provocada pelos espinhos do tão chamado amor. E devia ter-me enaltecido, devia ter-me tornado uma pessoa melhor. Não sei se o fez, isso é um pouco subjectivo de dizer principalmente por mim, mas também não é esse o objectivo do texto. Cada dia que passa mais me afundo nesse mar do amor, que se era a droga que me revitalizava agora é o cancro que me come a carne até aos ossos, apenas deixando uma pele cicatrizada. Provavelmente teriam a mesma resposta que eu tenho para a minha amiga, foi uma má experiência, não foi a pessoa certa, etc. E eu quero acreditar nisso. Quero e tento, mas nem sempre tenho forças para isso. E sem os receios que sempre tive durante toda a minha vida, receios e incertezas, apenas sei dos destroços em que o meu templo foi deixado pela passagem do amor. E da maneira como o tento consertar e encher, com outras pessoas, com outras coisas. E com sentimentos que eu não queria e que fiz tudo para não criar mas que eles foram plantados e cultivados em mim por esse... amor. E com o rancor e mágoa que auto-estabeleceram-se dentro de mim, novas velhas sensações são revividas pela primeira vez e a luta é constante. De tal maneira que amaldiçoo esse amor e os seus efeitos na minha vida.

“Porque eu sou o monstro que tu criaste...”

Wednesday, May 03, 2006

Ser criança.

Quem é que não gostava de voltar a ser criança?

Ter 5 anos e lambuzar a cara com algodão doce.
Ver filmes da Disney sem saber ainda o final.
Receber um beijo de boa-noite e sentir que nos aconchegam os lençóis.
Poder vestir todas as cores sem receio de troças.
Não ter de defender honras ou reputações.
Não saber que existem pessoas más.
Fazer colecção de pacotinhos de açúcar e bonecos.
Só chorar por não querer mais sopa.
Fazer birras quando nos apetece.
Jogar à cabra cega, ao lencinho e à macaca.
Espreitar para dentro dos caleidoscópios.
Recitar a conjugação do verbo "to be" vezes sem conta até saber de cor.
Dizer "ela são" e "eles é".
Ir para a praia com ancinhos e baldes.
Brincar com meninos e meninas da mesma maneira.
Gostar de si.

Eu gostava.

Tuesday, April 18, 2006

Fodavone

Sem querer monopolizar este espaço com a minha humilde pessoa, venho aqui deixar mais uma reflexão. Uns tempos atrás saiu a notícia bonitinha (e como a notícia não é recente e não a investiguei depois disso é natural que certos pormenores estejam incorrectos, mas dá para ter uma ideia geral do que se sucedeu e do principio da coisa) de que o director / presidente da Vodafone em Portugal viu perdoadas as suas dívidas ao fisco de 75 mil euros respeitantes ao ano de 2004 (se não me engano), por prescrever. Isto é, as finanças tem um certo tempo para cobrar as suas divídas e esse tempo foi ultrupassado. Dá que pensar não dá? Eu quando estou a dever 3 euros ao padeiro até a Swat me cerca o prédio. Mas o melhor ainda está para vir. Parece que o motivo que levou á prescrição foi tão simples como isto: mudança de residência.

...

Não, a sério. Foi mesmo isto.

Eu sei o que estão a pensar...então o presidente da Vodafone muda de residência e ninguém o consegue apanhar para o notificar? Eu percebo, que mesmo aparecendo na televisão e dando vários seminários sobre a iniciativa Força Portugal ou coisa que o valha (a dizer que os portugueses tinham de poupar e de trabalhar mais para levar o país para a frente - claro que a trabalhar para sustentar este pessoal temos que trabalhar muito, temos trabalhar a triplicar) não seja fácil de o apanhar, talvez por medo dos seguranças e todos sabemos como os funcionários são explorados pelo sistema, cheios de faltas de direitos em relação aos restantes trabalhadores (sem querer generalizar porque existem realmente funcionários públicos que não têm condições tais como polícias e... polícias), por isso até se compreende. E de certo que como o presidente da Vodafone, com a sua falta de dinheiro crónica, deve ter tirado cursos de camuflagem com os principais artistas de fuga do país, de ninjas ocidentais como Santana Lopes, Valentim Loureiro. Penso que não tenha nenhum sobrinho taxista na Suiça por isso penso que Isaltino Morais esteja livre de culpas desta. É compreensível que tal personagem tenha passado despercebida das finanças... é normal... porque não é fácil apanhar um ninja...

Mas eu depois meti-me a pensar...e sem querer insultar a inteligência de ninguém... meti-me a pensar que possivelmente existe uma maneira de apanhar tal personagem. Sei que se calhar é um pouco rebuscada e até incomum a roçar os limites da possibilidade mas mesmo assim acho que era de tentar... vejamos... estamos assim no parque das nações, perto do centro comercial Vasco da Gama (querem sítio mais underground que este?) e parece (parece!!! Não tenho a certeza!!!) que existe um prédio gigante com uns cento e quinhentos andares com letras vermelhas no topo a dizer V-O-D-A-F-O-N-E!! Provavelmente todos foram lá ter, até os bois da Lezíria, menos os funcionários do fisco.

Os funcionários das finanças responsáveis pelo caso estão a ser investigados, parece que houve favorecimento...


Moral da história: Isto está bom é para os presidentes da Vodafone que devem mais de 75 mil euros ao fisco.

(A)Normalidades

Acontece-me frequentemente ver-me no meio destas situações. Estou a caminhar pela rua, a passear o cão, sozinha, com amigos, o que seja e passo por um grupo de
adolescentes (tanto mais novos como mais velhos do que eu) que, por obra do acaso, se começam a rir e a fazer comentários sobre a minha roupa, o penteado, a cara ou até mesmo a minha suposta personalidade (que, como todos sabem, anda escrita num letreiro colado à testa).
A minha primeira reacção é dizer algo com cardinais, caveirinhas e cifrões q.b (como na banda desenhada). Mas, quando já me afastei um pouco e a raiva esfria, só consigo sentir tristeza.
Ora vejamos...eu não me considero especialmente repugnante, não ando nua nem de pijama na rua, não falo alto, não tenho nenhuma característica relevante na face ou no corpo e até penteio o cabelo todas as vezes que me lembro de o fazer. Não me visto de homem nem de Minnie, não tenho mensagens estampadas na camisola e não uso mini saias de Verão com botas de pêlo.
O problema não são os olhares insistentes mas sim a mentalidade que está por detrás dos comentários, dos risinhos e até de algumas ocasionais ofensas. Tenho 99% de certeza que quase todas as pessoas que têm este tipo de atitude já viram várias pessoas com uma maneira de vestir parecida mas pelos vistos não foi o suficiente para aprenderem a ter um pouco de respeito pelos outros.
Confesso que me sinto como um animal do Jardim Zoológico, com uma data de garotinhas a taparem o riso com a mão, de senhoras velhinhas escandalizadas e de mães a afastarem os filhos do meu caminho. É incrível o modo como formam julgamentos através da quantidade de eyeliner ou da altura da sola das botas.
Ainda se compreende que detestem, que achem feio, inestético, absurdo, etc...Mas porquê exteriorizar os seus julgamentos, porquê a necessidade de ofender com comentários desagradáveis e piadinhas de mau gosto?
Já me disseram tanta coisa na rua que a raiva já é quase nenhuma...mas o sentimento de humilhação continua.
Entre "O Carnaval é só em Fevereiro" e "Deve ser doente", passando pelos habituais "puta" e preciosidades linguísticas do género (acho engraçado como chamam tão facilmente puta a alguém que anda vestido dos pés à cabeça e se acha que as meninas que só falta virem de bikini para a Escola são a norma), há de tudo, para todos os gostos. Baixinho ou em voz alta, ao ouvido da amiguinha do lado ou gritado de um lado para o outro da rua, é como calha ou como as costinhas quentes permitem.
Não desejo que agora criem uns «Morangos com Açúcar» "agózados" e a Super Pop passe a ter uma secção a ensinar as meninas de 5 anos a esborratarem-se com rimel e lapis preto mas penso que alguém devia a ensinar a estas pessoas tão respeitadoras da sua moral, quais cidadãos exemplares, o que é o respeito e que este serve tanto para o patrãozinho a quem lambem as botas como às meninas de tranças que passam ao lado.
Entretanto, vou continuando a fazer uso da velha técnica: cerra os dentes e olha em frente. Resulta...quase sempre.

Saturday, April 15, 2006

Liberdade

Aqui estou eu a estrear-me aqui no fim do arco iris. Atendi ao apelo da boneca strip e não consegui resistir. Tenho que confessar que o que mais me puxou foi a liberdade. A liberdade de poder escrever o que quizer. De alguma maneira estou envolvido em outros projectos com o mesmo propósito. De liberdade, supostamente criativa (ou não). Então nada mais lógico de que começar por fazer uma breve (muito breve e sucinta) reflexão sobre a liberdade.
Saberemos nós o que é a liberdade? Vivemos nós numa liberdade? Nasci 6 anos depois do 25 de Abril e possivelmente por isso não dou muito valor à liberdade que tenho. Hum...valor dou, não a sinto talvez. Acabo por estar preso a um emprego,a responsabilidades e coisas que não posso fugir. Ok, tenho liberdade para dizer o que penso (mais ou menos) e para tomar as atitudes que quero (desde que isso não afecte a próxima pessoa). Mas mesmo com esta liberdade, será que isso chega? Não me continuo a sentir preso numa roda onde corro e corro e corro mas sem sair do mesmo sitio. Será que serei livre? Talvez não seja a melhor pessoa para julgar isso mas acabo por sentir que a minha liberdade é sempre condicionada por algo ou alguém que não controlo e que me controla a mim.

Friday, April 14, 2006

No Fim do Arco-Íris

Aos meninos e meninas que vieram visitar o Fim do Arco Íris:

Este blog foi criado pela Ritinha (HiddenPerfection) e por mim (Cinderela/Striped0ll/Lisptick Gore) para servir de casinha aos pensamentos de todas as pessoas fofas que quiserem juntar-se a nós.Para isso e so deixar um comentário num dos posts, a qualquer momento. Não é necessário pertencer a nada ou escrever sobre temas específicos; este espaço é como um blog pessoal colectivo – portanto, pode-se escrever tudo: post pequenos ou grandes sobre todo e qualquer assunto. Os textos podem ser opinativos ou desabafos e não é necessário ser algo muito elaborado e rebuscado ou muito artístico.
Esperamos que gostem da ideia e que queiram participar^^
Ficamos à vossa espera.

Ritinha & Cinderela