Sunday, December 12, 2010

O Silêncio Constrangedor.

Definitivamente não sei lidar com pessoas. Quando mais cresço, quanto mais evoluo num sentido mais desaprendo noutro. Acho que as minhas capacidades para a anti-socialização já são lendárias mas continua a ser difícil explicá-las ou fazer com que as aceitem, a quem não as consegue entender. Mas este é apenas um exercício vão porque na verdade, na maioria das vezes, não sou confrontado directamente. O único que o faz continuo a ser eu, no meu eterno exercício de auto-análise. 
Já falei algures (ou com alguém, ou comigo mesmo) sobre o desconforto do silêncio. Também já concluí que me deixou de incomodar como incomodava principalmente com pessoas que desconheço. No entanto, com as pessoas que conheço, a coisa é pior. Com pessoas que conheço e que chamo de amigas é ainda pior. Com pessoas que conheço e que chamo de amigas e por alguma razão não tenho uma conversa à muito tempo, é o supra-sumo da estranheza. Ali está aquela pessoa que conheço bem e de quem gosto mas que não sei o que dizer além do "tudo bem, como vai tudo, e o benfica, e o sócrates". E fico com vontade de arranjar mais assuntos porque ali estou eu com aquela pessoa que gosto e prezo e não consigo ter uma conversa de jeito. Talvez não consiga ter uma conversa de jeito com ninguém ou talvez elas apareçam sem serem planeadas, previstas.
Quando se tem uma vida calma e pacata, é difícil responder além dos tópicos acima enunciados. E se me faz confusão, como acho que já disse a alguém ou a mim mesmo no passado, as pessoas que me perguntam por novidades como se precisassem de algo novo nas suas próprias vidas, também me faz confusão eu próprio fazer essa busca, desesperadamente a procurar por algo que possa dizer. E procuro e procuro, e o desespero é tão grande que a única coisa que encontro é:

"Hoje acordei às 10h.Há bastante tempo que não acordava às 10h. Também me tenho deitado mais tarde, mas foi só durante estes dias que estive de férias, depois devo voltar ao normal."

E o silêncio volta, só que depois disto... é bem mais doloroso.

Tuesday, October 26, 2010

O Peso Esmagador da Condição de Solteiro...

...é tramado. Quando alguém é solteiro por muito tempo, esse facto parece incomodar as pessoas que o/a rodeiam. De tal forma, que começam a arranjar candidatos/as que acham que se enquadram no perfil. Para alguém bastante fechado, e quem a maioria das pessoas julga inatingível e inalcançável, como eu ,a coisa toma a dimensão do caricato, em que por vezes parece que para ser candidata a minha companheira basta ser rapariga, saber respirar e ser descomprometida.

-"Olha, aquela rapariga é solteira. É boa para ti."

Não levo a mal, acho até porreiro as pessoas se preocuparem com algo tão fútil como eu ter ou não relação. Nos tempos em que vivemos, nem me atrevo a pensar que não têm nada que pensar, porque entre o Sócrates e os 23% do IVA, de certeza que têm coisas mais importantes com que se importarem. No entanto, preocupam-se com esta minha condição de solteiro. Acho porreiro mas não consigo entender de onde vem a preocupação. Será algo genético, gravado no genoma de todas as pessoas, que assim que sabem da existência de alguém que é solteiro, uma frase é repetida subliminarmente constantemente até que a condição de ser solteiro se altere? Sendo uma ameaça para a continuação da raça humana, haver um bloqueio de uma pessoa que não irá se casar e ter uma ninhada de filhos. Mas... não é preciso ser casado ou ter uma relação com alguém para o acto da procriação ter lugar. Aliás, se for para salvar a humanidade, aqui estou eu para dar o corpo ao manifesto, mas duvido que será por causa disso. Na verdade, não sei de onde vem e pensando nas alternativas, até me dá vontade não saber. Se qualquer dia se deixarem de preocupar com a continuação da raça humana, de certeza que dirão algo como:

-"Olha aquela cadela, está com o cio. É boa para ti."

Quem diz cadela, diz outra coisa qualquer. E se as pessoas que me rodeiam começarem a prestar muita atenção a esta minha condição, inevitavelmente irão passar para a dinâmica do Reino Animal, começando nos felinos e acabando nos répteis.

Agora que penso nisso...
É melhor começar a aceitar as sugestões de raparigas solteiras que saibam respirar. Só para que não comecem a procurar fora da raça humana.

Friday, September 24, 2010

Less Is More

Não é novidade nenhuma o que vou dizer, principalmente para quem me conhece, ou para quem me julga conhecer. 

Estou farto desde mundo.

Das pessoas e dos seus esquemas. Do faz de conta, das aparências, das falsas simpatias, dos sorrisos por favor, da crescente banalização de tudo e principalmente, da minha crescente falta de interesse em arranjar energias e soluções para este problema. Acabo por sempre dizer que não tenho como mudar o mundo inteiro e é verdade. Este raciocínio acaba por ser sempre o fim da conversa. 

Não adianta, vamos todos queimar, vamos todos morrer, o que adianta tentar, o que adianta fazer?

No entanto, também é verdade que podemos dar o nosso pequeno contributo, fazer a nossa parte, o que nos compete. E o que é que nos compete fazer, podem perguntar vocês com direito a receber resposta?
Não embarcarmos em facilitismos, controlar o que se faz, porque nós somos o que fazemos mas nem sempre fazemos o que queremos. É importante estar no comando e embora se pense que estão sempre no controle das suas próprias acções. Basta pensar na quantidade de vezes que entram numa grande superfície a querer levar uma determinada coisa e não encontram o que procuram mas acabam por levar uma mão cheia de outras que até não pensaram sequer em comprar. Ou então, quando se está alguma tempo a ouvir falar mal de certa pessoa ou assunto e que quando há mais algum elemento novo que aparece, o julgamento já está feito.  Ou ainda coisas que fazemos porque estamos habituados a fazê-las, um hábito, porque estes impedem-nos de pensar, mantém-nos adormecidos. A rotina.

E sim, contra mim falo.

Talvez se começar por me preocupar mais comigo e menos com o que anda à minha volta, talvez se me concentrar mais nas minhas acções, não deixar de pensar em favor de rotinas pré-estabelecidas, talvez aí eu possa começar a mudança, talvez aí a minha mudança seja contagiosa, talvez aí me consiga manter acordado vinte e quatro horas por dia e não apenas por breves momentos. Sei que a crescente indiferença por este mundo é parte de um processo, processo que, quando adormecidos, temos receio de abandonar. Quando se dá muita importância ao que é material, é difícil de o largar. Agora, quando cada vez se dá menos importância, bem... tudo é bom quando vem naturalmente.

Se eu me conseguir manter acordado cada vez por mais tempo, isso vai-me obrigar a cada vez mais concentrar-me para não adormecer, ficar atento a cada movimento a cada detalhe e nessa altura, de certeza de que o mundo já não me vai preocupar tanto. 
Nessa altura, ele irá mudar.

Friday, August 27, 2010

Terror Nocturno

Em meros segundos, fui confrontado com a experiência mais excruciante que alguma vez tive. Não vou entrar em detalhes até porque não tenho detalhes para dar. Apenas posso dizer que me lembro, vividamente de toda a experiência mas simultaneamente é difícil tentar descrevê-la, traduzí-la para palavras. E visto esse ser um problema já recorrente, acho que nem por imagens o consigo fazer. A sensação geral foi como se tivesse morrido. Morri e saí do meu corpo. Ouvi-me a gritar como se estivesse a longos metros de mim e apesar de sentir a garganta a ceder, não fui eu que gritei. Pela primeira vez saí do meu corpo depois de muitas tentativas e a experiência foi tão intensa que senti que morri e voltei à vida. Paralisado, a querer falar mas sem o conseguir fazer.
Não sei como o consegui nem sei se quero voltar a conseguir, até porque não sei quantas vezes consigo morrer e voltar.

Monday, July 19, 2010

Foro Íntimo

É certo que a minha paciência para a humanidade em geral e para algumas pessoas em particular é progressivamente mais curta mas à certas coisas que me fazem confusão desde sempre:

Aqueles que gostam de ser o centro das atenções...

Quem me conhece pode muito bem afirmar "lá por seres eremita não quer dizer que os outros tenham de o ser". Sim, é verdade. Não posso desejar que todos os outros sejam como eu. Não posso e não quero, e daí as reticências na frase acima (não, não é um acesso da escrita imortal reminiscente de Mary Shelley com pretensões vampirescas de dominar todas as (e os) adolescentes deste mundo carregado de dor sensível da sensibilidade sensibilizante do sofrimento juvenil e imberbe. As reticências têm mesmo um sentido e propósito).

Se me derem uma oportunidade para explicar, vão concordar comigo.
Não vos faz confusão aquelas pessoas histéricas, que falam alto e olham à volta só para verificarem que estão a olhar para ela?
Aquelas que contam os pormenores da sua vida - ou os pormenores da vida dos outros! - a perfeitos estranhos, até mesmo pormenores que seriam dispensáveis e que não topam a figura triste que estão a fazer nem o embaraço de quem as ouve?
E aquelas que põem a sua vida na internet, em sítios que todos podem ter acesso e depois se queixam que as pessoas se metem na vida delas? Ou mais ridículo, fazem juras de nunca mais o fazerem, coisa que dura 18 minutos.

Esta coisa do nãoquero-nãoquero-nãoquero-não-quero-não-quero-não-quero irritam-me à brava. Até podem alegar "és muito drástico, ou 8 ou 80". Será que essas pessoas não o são também? Só que elas vão do 8 ou 80 com mais rapidez que eu. A esquizofrenia comportamental é coisa que além de irritar, provoca-me urticária. Porque é que ninguém diz a esta gente:

Cala-te, pá! Estou farto de te ouvir falar das merdas que fizeste, que fazes ou que vais fazer! Eu não quero saber, os teus amigos não querem saber e todos outros também não! E se insistes com essa merda depois não te queixes que falam de ti e que não te deixam em paz!

Só que depois eles tornam-se incompreendidos... e não há nada pior que este pessoal se sentir incompreendido e que tem o mundo, a vida e Zeus contra eles - se bem que Zeus se deve conter muito para não enviar um raio pelo o cu acima desta gente. Portanto o melhor é mesmo fechar os olhos, pensar em cascatas de água e ouvir música oriental para ver se a coisa passa.

Ah, as reticências!

Aqueles que gostam de ser o centro das atenções queixam-se sempre de serem o centro das atenções e dizem sempre com ar ofendido para os deixarem em paz, como se tivessemos invadido a sua intimidade quando puseram a sua intimidade à disposição de todos.

Monday, June 07, 2010

O Processo

Vou-vos explicar o processo deste blog, semelhante com alguns dos que tenho mas algo único devido à sua característica mais mundana e pessoal. Quando surge o momento de aqui escrever, mais ou menos previsto nos ciclos das estrelas, coloco a mim mesmo a questão:

"Ora o que é que me apetece falar comigo mesmo?"

Sei que a audiência é inexistente, mas é algo que não me incomoda e contra a qual não faço puto (sempre quis dizer isto) contra. Então a melhor forma é falar comigo mesmo, já que uma das minhas metas é o auto-conhecimento para melhor evolução psíquica e espiritual. Acaba por ser o objectivo em tudo o que faço, embora admita mais nuns que outros. Luto e procuro dentro de mim por novas perguntas. Perguntas e mais perguntas, até as esgotar. Por completo. Mas mais do que as esgotar, o objectivo é esgotar por completo a necessidade de as fazer. Atingir aquele estado fugaz de consciencialização universal que nos faz apenas... ser.

Não sabemos, não queremos saber. Apenas somos. UM. Completo. É certo que ter apenas este processo para atingir esse fim é para lá de patético, mas o caminho é feito de múltiplas escolhas, múltiplas dificuldades e múltiplas ajudas. Qualquer um deles é válido se nos levar ao destino, qualquer um deles é válido se for mais um passo, por mais pequeno o que seja, na direcção do caminho. Tudo é caminho. E este é o verdadeiro processo.

Wednesday, April 28, 2010

Haverá Realmente

É o que todos nos acabamos por perguntar a uma certa altura da nossa vida. Nesta casa é suposto as coisas serem terra-a-terra embora elas venham da alma mas até mesmo no preto e branco as coisas fogem para o cinzento. A grande área indefinida que surge quase sempre inesperadamente. Tudo porque tem que haver um sentido, algo que nos faça parar de questionar. Ou pelo menos a sentir que ilusoriamente se tem um sentido delineado. Ninguém nos poderá indicar, ninguém nos poderá dizer o que sentimos a não ser nós próprios. Sentimos o sentido, com ou sem sentido. Mas o que é mais engraçado é que mesmo esse sentido, pessoal e preferencialmente intransmissível, nos é desconhecido. Temos demasiadas coisas em que pensar, demasiadas distracções que não nos permitem parar. A inércia pode trazer o aborrecimento para os despreparados mas é a oportunidade ideal para conseguir olhar para dentro. Anda-se uma vida toda à procura do sentido na natureza, nas pessoas, nas coisas e até de espelhos.

Apaguem as luzes.

E vejam... se há realmente um sentido.

Tuesday, March 30, 2010

Esticar O Tempo

O meu principal inimigo, o tempo.

Se antes tinha dificuldades em o ocupar, agora tenho dificuldade em o arranjar. E cada vez vejo as coisas de forma mais... espiritual, digamos assim, se bem que não tenho tido a paz interior necessária para que consiga ver e sobretudo sentir. A velha história do equilíbrio. Experienciamos os extremos para que consigamos atingir o equilíbrio e por consequência, a paz. E há um segredo que eu tantas vezes sei que conheço como noutras sei que me esqueço. Há duas hipóteses, ou tentamos lutar contra isso, ou seja remar contra a maré, ou tentamos pensar as coisas friamente e ver como podemos largar a carga pesada para continuarmos a andar sem que fiquemos para trás e sem que nos afundemos.
Toda a minha vida tentei conciliar tudo e lutar contra coisas tão dificeis de controlar como o próprio tempo e acabo sempre no mesmo sítio: cansado e derrotado. Por mais que se tente, não se pode vencer o relógio, mas podemos enganá-lo.

É sobretudo nessa segunda parte que eu sinto que tenho muito para aprender. E isso consiste, neste caso especifíco, a deixar coisas para trás. Pesos menos importantes, embora tenham sempre a sua importância. Além da dificuldade em deixar coisas para trás, a dificuldade é em escolher o que deixar para trás. O que é costume acontecer é, após de meia hora a debater comigo próprio o que deixar para trás, acabar cansado e derrotado e ficar tudo na mesma. Irei ter de parar, parar para ver. E definitivamente deixar algo para trás.
Caso não resulte... sempre me resta voltar a tentar esticar o tempo.

Friday, February 19, 2010

Trabalhar Por Prazer Pt2

É um equilíbrio muito fino, tenho que admitir. Quando não se está bem, tudo serve de arma de arremesso. As rotinas, a personalidade, os amigos, o tempo e... o trabalho. O pior é mesmo conciliar três coisas fundamentais.
O trabalho, que como disse anteriormente, não se pode fugir.
Aquilo que se tem realmente prazer em fazer.
E a chamada descompressão. A socialização e o tempo para olhar para as paredes, coçar a micose e anhar.
Diria que este é o segundo nível, dado que o primeiro foi aquele focado no texto anterior. Demorou algum tempo a aceitar que não posso passar o tempo todo, 24 horas por dia, de volta da música, da ilustração e da escrita. Foi um longo e doloroso processo que julgo ter atravessado com sucesso.
Depois de ter a tranquilidade de aceitar o passar mais de 40 horas semanais entregue ao ganha-pão (ou dinheiro) surge uma nova inquietação. Conciliar o tempo livre de tudo o que se quer fazer com o tempo necessário para espairecer. Pegando no meu exemplo, que é o que conheço melhor, temos um sem número de actividades, projectos e intenções - blogs, livros, discos, desenho, arquivo e gestão de biblioteca de som e imagem - e muito pouco tempo para repartir por isto tudo. E se o tempo é pouco para repartir por todas estas actividades, a coisa piora quando o corpo simplesmente não se quer mexer. Quando não há inspiração, paciência ou energia para fazer aquilo que disse que ia fazer. E quando isto se passa muito tempo sem interrupção, ou num dos momentos menos positivos em termos de energia, o facto de se sentir que não se tem vida é coisa para desmoralizar qualquer um. Não estou a falar do artista/escritor/músico que consegue viver da sua arte. Estou a falar de todos os restantes mortais que gosta de fazer umas brincadeiras nos tempos livres mas que não tem reais ambições. É impossível não chegar a uma altura de desânimo - com o hobby em questão ou até mesmo uma conjugação de factores variados - e de não se por em causa o tempo que se "perde" com essas actividades. Enquanto outros vão à praia, às compras, ao café, a malta fica em casa, ou na garagem, ou na biblioteca, a fazer aquilo que gosta por sentir que essa é uma parte do que é, daquilo que se sente realizado a fazer. No entanto, é sempre necessário combustível para se ter energia para isso, mesmo quando se pensa inocentemente que a actividade em si é auto-sustentável. Descobre sempre da pior maneira que não é. Por vezes o abandono chega a ser de muito tempo, até se esquece da razão, do porquê se ter começado.
No fundo é tudo como disse no início, um jogo de delicados equilíbrios entre mergulhar e vir ao de cimo para respirar de vez em quando. O problema é que as coisas lá embaixo tornam-se tão absorventes que fazem com que nos esqueçamos de vir ao de cimo respirar.

Por vezes esqueço-me de vir ao de cimo, provavelmente quando tiver dominado esse fino equilíbrio, tenha passado para o terceiro nível.


A forma de

Thursday, January 07, 2010

Trabalhar Por Prazer Pt1

Já me debati com esta questão muitas vezes no passado e não foi em meras dissertações filosóficas, foi em depressões angustiantes sobre o sentido da vida. Numa altura em que estava a começar a querer expressar-me artisticamente, naquele caso em específico, pela música. No entanto a minha vida não permitia a que pudesse me atirar de cabeça porque tinha que ganhar dinheiro. Essa obrigação era uma opressão, afinal tinha que fazer algo que não queria para ganhar dinheiro mas que me impedia de me concentrar naquilo que gostava de fazer mas que não me trazia rendimento. E dez anos passaram, mais coisa menos coisa. Foram precisos dez anos para que mudasse a minha maneira de pensar ou sentir. Para que pudesse sentir uma certa paz de espírito e aceitação com o estado presente das coisas e principalmente, que me pudesse aperceber que apenas desta forma tenho a liberdade que preciso. Todos nós trabalhamos por dinheiro - todos nós, os que trabalhamos, claro - e fazêmo-lo porque precisamos de comer, pagar as contas e todas aquelas cenas à quais não podemos fugir e às quais mergulhamos. E nos tempos livres somos... livres. Para criar e fazer o que desejamos. Porque o queremos fazer. A partir do momento em que temos de o fazer para ganhar dinheiro, teremos que agradar alguém, teremos de fazer para alguém que não nós próprios. Ok, não vou cair na ilusão de que no mundo da arte não tem de se fazer compromissos, mesmo daqueles que não vivem da arte que criam. Há sempre compromissos, porque é impossível fugir do meio em que se está inserido mesmo que o tente fazer consciente. Mas o ter de trabalhar em algo que amamos fazer às ordens de outra pessoa ou com a pressão de atingir certos objectivos que não a satisfação pessoal resulta em frustração.
Ou melhor, tudo o que se faça por obrigação pode resultar em frustração.
O segredo é não fazer por obrigação aquilo que se quer ter prazer.