A minha vida tem uma grande lição. Uma lição que não é fácil aprender mas que tento sempre caminhar nesse sentido. Normalmente esqueço-me sempre dela, nos momentos de maior fraqueza, de maior dificuldade. Nos momentos em que preciso dela, sobretudo.
Sempre me custou largar coisas. Largar pessoas. Olhar para trás e verificar que algo ou alguém foi deixado. Que não acompanhou. Sentimento de perda. Enorme gigante. Com coisas insignificantes. Como querer dar a mesma atenção a tudo de forma igual de forma a atingir o equilíbrio mas que depois só resulta em só se dar atenção a umas poucas coisas e nem são aquelas que nos dizem muito.
Deixar pessoas. encontrar aquele colega que não vemos desde os tempos de escola e com cada ano a passar lentamente mas de forma dissimulada, só nessa altura nos apercebemos que já passaram mais de 15 anos.
E o vazio bate.
Não gosto do vazio, sempre fugi dele a todo o gás, mas acho que dessa forma o alimentava. Ao tentar carregar comigo tudo o que podia, não deixar nada para trás, apenas consegui falhar totalmente nos meus objectivos e sentir-me... vazio.
"Falta algo"
"O quê?"
"Não sei"
"Então leva tudo"
Até que a vida nos ensina que não podes levar tudo, a vida ensina-nos que há pessoas que têm que partir, e que as memórias das mesmas não servem apenas para nos lembrar que já não as temos. Que há coisas que têm que se perder e que... no final do dia... são apenas coisas. Coisas que se ainda as tivéssemos, não iriamos dar atenção.
Não é fácil largar. Não é fácil recomeçar. E muito menos, não é fácil destruir para recomeçar. Acabar para começar. Novamente. Sem planos, sem guias, sem dogmas. Perdidos na selva de nós próprios. Talvez sem mapa, sem regras, sem expectativas é quando se encontram as melhores coisas das nossas vidas. Principalmente porque nessa altura, sabendo a sua mortalidade, as iremos aproveitar ao máximo.
Ou assim deveríamos.