Saturday, October 04, 2014

O Dia em Pleno

Estou irritado com a minha conformidade, estou inconformado com a minha apatia. Embora por vezes me surja de forma dissimulada e me contagie e envolva sem me aperceber, existem dias em que a lucidez me invade e eu consigo, com mistos de ansiedade e revolta, quebrar com o padrão. A questão é que… eu sei que não dura muito tempo. Este estado é o mortal consciente da sua mortalidade, que sabe que o tempo é curto e que tudo pode desaparecer de um momento para o outro. Se tivéssemos noção da nossa pequenez, da nossa mortalidade, da rapidez com que tudo o que temos e somos aparece e desaparece, talvez o vivêssemos mais a fundo, talvez vivêssemos em pleno. Cada dia é uma oportunidade para algo. Temos as manias das grandezas e não paramos para ver e sentir os pequenos detalhes. Os eternos e pequenos detalhes. Aquelas coisas que estão lá sempre, e que por vezes, apenas damos conta quando não conseguimos ou quando não podemos. Aí é que aparece o drama dos detalhes, dos abraços, das mensagens, de tudo aquilo que poderia ou deveria ter sido feito mas não o foi.

Hoje. Hoje é o dia. Hoje é o dia para ser espremido até à exaustão, para ser retirado tudo o que ele nos tem para dar. E não tem que ser uma lista de coisas, uma lista enorme de coisas, palpáveis e quantificáveis. Apenas tem que ser chegar ao final do dia e sentir… hoje fiz tudo o que podia fazer. Estou em paz. Com o mundo mas principalmente comigo.


Esse sentimento de paz… é o sinónimo de viver o dia em pleno. É o que eu quero.