Sunday, December 23, 2007

A Mudança

A mudança é sempre algo a que as pessoas não aceitam bem, principalmente as mudanças que não controlamos. Quando as mudanças acontecem em catadupa a adaptação torna-se ainda mais difícil. As pessoas que chegam, as pessoas que saiem. Os lugares que mudam. Todos os dias, a toda a hora de tal maneira a que chega o momento em que não aguentamos mais e dizemos ao mundo que páre, por uns momentos, apenas para ganharmos fôlego. O mundo não pára e se nós não conseguimos acompanhar o seu ritmo, ele arrasta-nos. Estou satisfeito por ver que em 7 anos de intensas mudanças me sinto pronto, pela primeira vez na minha vida, para enfrentar todos os desafios que me esperam. Não por ter a certeza de que os vou superar à primeira, de que finalmente me tornei mais humano do que humando. Apenas... e reforço o apenas... por sentir. Foi preciso descer ao inferno para isso mas serviu. Sei que ainda vou descer um pouco mais e que vou arriscar talvez desnecessariamente, mas de que outra forma vou saber de que estou pronto se não for posto à prova? Mas estou a afastar-me da mensagem principal. Precisamos de olhar para dentro, mais do que o que fazemos. Olhar com olhos de ver. Quando isso for feito, por muito que as coisas mudem podemos contar com algo que sabemos que nunca vai mudar.
Nós próprios.

Saturday, November 03, 2007

Silêncio

Por vezes penso que o silêncio não é respeitado. Pelo menos não o suficiente. O ser humano deveria ter um sexto sentido que o avisasse para se manter afastado de pessoas que não querem que alguém se aproxime. Eu odeio o silêncio, tenho de o preencher por música. E por vezes sabe bem também ouvir uma voz amiga. Mas por outras apenas se quer ouvir a música e o silêncio. Como um monólogo que nunca vai ter resposta. Sem respostas e sem perguntas. Silêncio. Momento de paz que por ser infímo é precioso. É só isso. Nem mais nem menos.
Talvez por ser simples seja tão difícil de compreender para alguns. Não é algo que estranhe. Mas isso não vai fazer desaparecer essa necessidade de silêncio.

Saturday, September 22, 2007

Reclamação Positiva

Estava a falar com um amigo meu e ele disse algo que me fez bastante sentido. Não fazemos reclamações positivas. Quando chamamos a atenção de alguém normalmente é por algo que essa pessoa nos fez, por algo negativo que ela nos fez. Quando nos dirigimos a alguém que nos está a servir é apenas para reclamar que o serviço é mau, que não fomos tratados correctamente e vamos buscar o livro de reclamações.
E que tal um dia, se a ocasião justificar, pedir o livro de reclamações para dizer que comemos bem, que o pessoal que nos serviu foi simpático e eficiente e que faremos o possível para lá voltar? E se estendermos isso a coisas mais simples, a pessoas que tomamos por garantidas, que sabemos que estão do nosso lado, que nos apoiam? Que nos vão continuar a apoiar através da sua amizade leal que não nos tem faltado, que nos tem apoiado nos momentos mais difíceis? Porque não dizer a essas pessoas

Gosto de ti

Não deve ser assim tão difícil como isso ou é? Reconhecer perante outra pessoa e em voz alta aquilo que sentimos por ela. Não porque ela fez anos ou está em baixo. Apenas porque sentimos o que sentimos. Porque sim. Porque não se deve guardar dentro de nós o que temos de positivo e apenas soltar o negativo. Quem sabe se não soltarmos mais o positivo, ele não volta a nós, por outra pessoa, por outra coisa qualquer positiva? Mas esta não é a razão. Não é apenas para sermos beneficiados com algo. É apenas porque sim. Porque se se sente, deve-se falar. Deve-se transmitir. Sempre que nos apeteça, sempre que nos for necessário. Sempre

E por isso.

Gosto de ti, porque estiveste comigo, porque me deste o teu ombro quando mais precisei de chorar, porque me dizes o que pensas mesmo sabendo que eu não concordo com isso, porque me és sincera. Gosto de ti porque me fazes sentir especial quando tenho mil e uma merdas em cima da cabeça e me fazes sentir que é uma injustiça mas dás-me confiança e esperança em que isso vai ser apenas algo breve mas não tens pena de mim e não fomentas em que entre em ataques de auto-piedade. Gosto de ti porque me lembras constantemente aquilo que procuro na humanidade. Gosto de ti pelos teus defeitos, pela tua força e pela tua luta interior contigo própria. Gosto da tua inspiração, da que me dás, para viver, para amar. Gosto de ti.

Como amiga, ser humano, companheira.

Gosto de ti.

Para ti Ana

Tuesday, September 11, 2007

Carneiros

Vou voltar a falar do caso Madeleine. Sei que já chateia. Se já chateava da última vez que falei, imagino agora. Mas vai ser apenas uma desculpa para falar de um fenómeno que aparece com frequência mas não é exclusivo a ele. É engraçado ver como tantas pessoas quiseram se associar ao casal britânico nas suas campanhas do "ajudem a encontrar a pequena Maddie" e que agora desapareceram todas. Aliás, não me admira nada que os que se mostravam extremamente preocupadas com a situação e chamavam de coitadinhos ao casal, lhe chamam agora de sacanas oportunistas e de assassinos. A capacidade que as pessoas tem de mudar de opinião com aquilo que lhes é dado a ver e ouvir pelos meios de comunicação é incrível. No fundo, o grande efeito que os mass media têm na população desde o final do século passado foi de nos ter transformado a todos numa população de carneiros. Se nos dizem amarelo, gritamos amarelo. Se nos dizem que não é amarelo, dizemos convictos que não é amarelo. Deixamos a capacidade de pensar para os jornalistas, pivots, investigadores. Temos tanta necessidade de conclusões finais e principalmente para julgar os outros, que tomamos para garantido boatos, teorias e tudo o que os orgãos de comunicação social nos mostram.
Não estou com isto a dizer que os MacCann são inocentes ou culpados. Apesar de todas as coisas estranhas que se passaram - tal como a primeira coisa que fizeram assim que descobriram que a filha desapareceu foi ligar para a Sky News e não para a polícia; o site ter sido montado de um dia para outro para recolher fundos e terem logo sido contratados acessores de imprensa de renome, um deles ser agora o acessor de imprensa do Primeiro Ministro britânico - o casal só será culpado quando for provado em tribunal. Estes julgamentos na praça pública só provam como as pessoas não têm coerência naquilo que dizem ou fazem.

Independentemente do casal ser culpado pelo assassinato da filha e por ter pago a dois dos melhores advogados da Inglaterra, com honorários a chegar aos 800 euros por hora, se safar das acusações.

Saturday, September 08, 2007

Ausência

Eu não sou bonito, eu não sou inteligente, não sou religioso, não sou supersticioso, não sou ambicioso, não sou egoísta, não sou generoso, não sou corajoso e tenho traumas causados pela constante ausência de tudo em que sou. Mas eu sei o que sou. Sei onde começo e sei onde acabo. As diferentes nuances da minha tristeza, as razões da minha solidão e o constante afastamento de todos. Sei que ninguém vai perceber isso, embora alguns se dêem ao trabalho de tentar. Sei que vão se chatear comigo por se darem ao trabalho de tentar e não conseguir.

Eu não vou explicar.

Reservo a mim o direito de ser ausente de tudo e de todos e de me afastar do mundo para os diversos criados para mim. A realidade aborrece-me por ser previsível, os problemas não mudam realmente. Não estou para os amigos do passado, não estou para amizades superficiais, não estou para arranjar a paciência que esgotei a tentar arranjá-la. Não estou para a vida que me continuam a dizer que tenho de fazer. Não estou para o vazio que querem que siga mesmo que isso signifique o "cheio" só e nú, numa caverna longe de tudo e de todos. Não estou para promessas de planos e vidas que nunca se vão cumprir, para juras de amor vazias de sentido e razão apenas feitas no calor da paixão ou elevado apetite sexual. Não estou para conversas de circunstância, olhares para a atmosfera, olás-tudobem-adeus. Não estou para convívios e socializações vazias e fúteis. Não estou para engates. Não vou fingir ser uma pessoa vazia e fútil apenas para agradar aos meus instintos mais primitivos e animais e para depois me censurar a mim próprio o porquê de me ter envolvido com alguém que não me diz a ponta do corno.

Simplesmente não estou. No bar, em casa, na cidade, distrito, na porra do país da porra do mundo na merda do sistema solar.
Mas não tenham medo, que onde eu ando, não há a possibilidade de nos encontrarmos. Mas se por alguma eventualidade do destino isso acontecer, continuam a não haver motivos para preocupação. Eu sou aquele que não é notado porque não quer ser notado. Eu sou aquele que desliza entre as multidões no sentido oposto delas. Por isso se estivermos alguma vez perto, eu irei definitivamente na direcção contrária.

Saturday, August 25, 2007

Presente

Porque é que todos - todos sem excepção - gostavam de voltar atrás no tempo para re-viver as emoções do passado? Porque é que todos pensam que o passado sempre era melhor do que o presente é? De forma geral, todos os seres humanos já sentiram isto. A diferença é que muitos fazem-no mais frequentemente que outros. Dá-se tão pouca importância ao presente porque queremos algo de extraordinário nas nossas vidas e recusamo-nos a acreditar que isto é o máximo que a vida nos pode oferecer. Dias banais. Rotina. Então dizemos coisas como

Quem me dera andar no liceu outra vez, curtir a vida, ser jovem outra vez mas com o que sei hoje.

Ou então, depositamos as esperança num futuro milagreiro que nos vai trazer aquilo que não conseguimos que o presente nos traga:

Quando eu ganhar a lotaria, quando eu for rico, quando eu me casar, quando vou ter um bom emprego é que vou ser realmente feliz.

Bem, a vida não tem segredos nenhuns. Provavelmente nós é que interpretamos as coisas sempre da maneira errada. Da maneira mais fácil. O segredo de tudo é bastante simples, muito simples. Tão simples que surge camuflado em rotinas, em empregos maus e aborrecidos. O melhor momento para se viver é sempre o presente, porque mesmo sendo uma má realidade, é a única que se tem.

Wednesday, August 08, 2007

Aparece

As pessoas gostam de aparecer. É ponto acente. Pessoalmente, isso faz-me confusão por eu não gostar (mesmo) de ser o centro das atenções mas quando faço um esforço para perceber, por vezes até consigo entender. As pessoas vivem todas na sua vida normal, fazem tudo para evitar o banal e não se apercebem que para evitar o banal acabam por fazer o que todos os outros fazem, querem ir onde todos os outros vão e estar onde todos os outros estão. Sei que posso estar a parecer um bocado crítico com isto por ser exactamente o oposto mas a paciência para estas pessoas e esta suposta integração na sociedade em que vivemos já há muito tempo que se esgotou. As pessoas sonham por se afirmarem mas porque é que fazem tudo para serem o que outros são. Será que essa necessidade de afirmação é apenas uma desculpa para se sentirem integrados? É por isso que a minha paciência já se esgotou há muito tempo para este tipo de pessoas, porque elas não são coeerentes. Há muito a ser dito em relação a este tipo de pessoas porque mistura-se também com outra questão. Eu apenas cansei-me de pessoas que tentam encontrar noutras pessoas o interesse que elas deviam ter por elas próprias. Eu próprio já fui assim, mas a adolescência já lá vai à muito, muito tempo. E adolescentes com quase 30 anos fazem-me confusão. Acho que no fundo já não tenho paciência para aquilo que me faz confusão.

Wednesday, July 11, 2007

Dispensáveis

Estou um bocado em estado de choque... foram precisos dois casos ficarem mediáticos (um pelo menos que trouxe o outro por arrasto ao conhecimento público) de pessoas que morreram se lhes ter sido dada a dignidade de passarem à reforma por invalidez tendo sendo obrigados a trabalhar, num caso com leucemia e noutra com cancro. Já sabemos que o cidadão desconhecido não é mais que um número para governantes, patronato, os chamados “powers that be”. E poderia soltar uma série de argumentos comuno-rebeldes – mas que não deixam de ser verdadeiros – de como a nossa sociedade se torna cada vez mais desumana, de como somos todos (ou quase todos porque quem tem poder não tem este tipo de preocupações) carne para canhão. Dispensáveis. Como é que alguém decide que uma pessoa com leucemia está apta para trabalhar? Qual é o critério de avaliação? E só agora chegaram à conclusão de que é necessário o painel da junta médica ser apenas formado por médicos? Foram preciso duas mortes ficarem conhecidas para que se chegue a esta conclusão? E o que acho mais engraçado nestes casos é que quando os jornalistas recorrem às entidades para pedir esclarecimentos, estas nunca estão disponíveis para prestar declarações. O cidadão comum tem que andar na linha, pagar os seus impostos, cumprir as 8 horas diárias de trabalho, pagar os seguros, pagar os serviços de saúde, auto-estradas e segurança social enquanto as pessoas responsáveis por um serviço nem se dignam a falar dele quando este não funcionou bem. Ai Jesus se há algum director a assumir responsabilidades, que se ele é director é porque tem outras pessoas que podem assumir a responsabilidade por ele. Nestes dois casos, é previsível que não se procure sequer saber quem achou que uma professora com leucemia e um outro com um cancro que quase o impedia de falar estavam mais que aptos para dar aulas. Ironia do destino seria se fosse alguém que neste momento estivesse de baixa psiquiátrica por remorsos da merda que fez. Mas não. Para quem não assume responsabilidades está sempre tudo bem.

Ssshh, faz de conta que não aconteceu.

Monday, June 11, 2007

Filhos de Deus

Provavelmente vou soar a um idiota insensível, ainda mais que o normal. Mas correndo esse risco... tenho que ser sincero e dizer... estou cansado (para não dizer farto) de ver notícias relativas à pequena Madeleine McCann. Não ponho em causa os esforços da polícia portuguesa nem da britânica (que afirma ser especialista em resolver casos como este, mas não deve ser dentro das suas fronteiras, dado os inúmeros casos que ficam por solucionar – o que não é nada do outro mundo, ninguém é infalível, nem mesmo os britânicos) nem ponho em causa os esforços dos pais de se valerem da mediatização que o caso criou para criar ou aumentar as hipóteses de encontrar a filha e de que todos os dias tentem despertar a atenção da imprensa para que o caso não morra e continue a mover esforços e apoios para a sua causa. Se estivesse no lugar deles, também iria fazer tudo para encontrar a minha filha, tentasse mover mundos e fundos... talvez não a deixasse sozinha em casa com os dois irmãos gémeos mais novos que ela enquanto fosse jantar fora com a minha esposa, mas penso que isso seja uma questão de educação e no mínimo, bom senso.

Percebo e aceito que essa mediatização seja uma arma usada pelo casal para tentar reaver a filha mas sinceramente já não aguento ouvir mais sobre o caso. E além de estar constantemente a levar com notícias de que o casal McCann foi a Holanda, ao Vaticano, a Espanha, a Marrocos, ao Vale da Porca, à Terra-Média ou a Gotham City, o que me faz espécie é o facto de que se uma criança portuguesa fosse raptada na Inglaterra, não havia nem um terço da celeuma que foi criado à volta do caso. Aliás, quantas crianças não desaparecem todos os dias dentro do nosso país e nem ouvimos uma notícia sobre isso?

Uma vida, é uma vida, seja inglesa, alentejana ou marciana. As diferenças que a sociedade ocidental, supostamente avançada, cria entre elas é que faz com que umas pareçam que têm mais valor que outras. Como é que se sente a família que perdeu o filho ou filha em situações idênticas e que não teve nem metade da cobertura mediática que este caso teve? Como é que se sentem os pais, que com os filhos desaparecidos, vêem que não houve por parte da polícia a mesma concentração de esforços que está a haver para este caso. Acredito que um polícia cumpre sempre ou tenta cumprir sempre o seu dever da melhor maneira que pode (ou em muitos casos, lhe deixam) mas só se fosse cego é que diria que não há das esferas mais altas uma forte influência para que este caso fosse resolvido rapidamente.

É complicado sentir que a vida de quem amamos vale menos por não sermos ninguém de "importante". É exactamente o que eu ouço todos dias no telejornal, a cada notícia que vejo, a cada viagem que é feita, a cada iniciativa que é levada a cabo ou fundo criado:


Uns são filhos de Deus, outro são filhos da p...

Monday, May 21, 2007

I've Got Nothing

Ontem ao ver mais um programa dos Gato Fedorento, foi-me levantada uma questão que de vez em quando me surge seja por minha causa ou por amigos meus. Numa piada acerca do David Hasselhoff estar bêbedo, a minha curiosidade natural e mórbida levou-me a que fosse de imediato ao you tube pesquisar sobre o dito assunto. Curiosamente os primeiros resultados que apareceram não foram aquilo que procurava mas sim sátiras e imitações da situação. Lá encontrei uma que dizia full version e... tenho que dizer que não me impressionou a figura triste pelo o facto de ser uma celebridade, mas por outros motivos. Como alguém disse a comentar o vídeo, todos nós apanhamos ou já apanhámos uma bebedeira e fizemos ou dissemos coisas que nos arrependemos. Impressionou-me o ver-me naquela situação, o de ver amigos meus naquela situação. Quando em fúrias de sinceridade alcoólica respondemos à eterna questão do porquê se fazer aquilo tal como ele respondeu: “I’ve got nothing!”. De sentir que não se tem nada e precisar de algo, seja álcool, drogas ou outras coisas mais ou menos ilícitas, para nos adormecer. Aquela capacidade auto destrutiva que nos classifica como falhados por que simplesmente não conseguimos seguir em frente ou não o queremos fazer. Todos lutam contra isso, todos tentam escapar ao vazio. E embora não concorde com esse tipo de luta... não é algo que me choque. Apenas entristece.

Tuesday, May 01, 2007

Escrever sobre qualquer coisa

Todas as "quaisquer coisas" têm algo em comum. Têm um início e um fim. Um percurso.

Como os blogs. Começam-se, escrevem-se algumas coisas por lá, e ainda não sei de nenhum que ainda não tenha terminado. Tudo acaba, mais cedo ou mais tarde, é uma questão de tempo.
O amor, tal como a vida, também acaba. Gostava de viver naqueles livros que li ou naqueles filmes em que chorei por ser tudo tão bonito. Mas até esses livros têm uma última página e os filmes a última cena. depois também acabam.

Não sei o que posso ganhar ao falar disto ou daquilo. Não sou nenhuma escritora, se fosse provavelmente podia fazer com que o que escrevo durasse mais. Que, após alguém ler, fosse pensar nas minhas palavras, dormir nas minhas palavras, brincar, detestar e fazer amor com as minhas palavras. Aí, até esse alguém se esquecer de ter lido isto, eu ia existir.

Cada palavra que escrevo tem outras mil palavras dentro dela. Cada palavra que leio tem outras mil. Gostava de poder pensar menos, mas não dá para parar.

Escrever sobre qualquer coisa...! Acho que para a próxima escrevo sobre o mar e as músicas músicas preferidas. Sobre chocolate quente, batidos e sumos naturais. Essas coisas todas que eu tanto gosto. Hoje.. foi só sobre "qualquer coisa"...
Para a próxima será melhor ;)

Wednesday, April 18, 2007

Rir É O Melhor Remédio

Cada vez mais dou importância ao acto de rir. É bom. Experimentem rodear-se das pessoas/situações mais caricatas e riam. Chorem para dentro e riam para fora. Essa dúvida do “É para rir ou para chorar?” é facilmente resolvida. Riam. Com as vossas desgraças, com as vossas alegrias. Riam. As coisas não estão fáceis mas porquê chorar? Choramos ao nascer, provavelmente iremos chorar ao morrer (ou alguém vai chorar por nós). Cada vez mais a água assume um papel decisivo neste mundo de aquecimento global e nós a contribuirmos para a nossa desidratação? É um desperdício, é quase um crime. Deveria ser punido. Severamente! Quando estivéssemos a chorar deveríamos nos lembrar de como o Marques Mendes se apresentou às crianças aquando uma visita a uma escola. Quando perguntou se sabiam quem ele era e perante a resposta negativa da generalidade dos pequenitates (não é nenhuma piada em relação à altura) ele rematou com um “Sou aquele do ganda noia”. Não é para rir? Riam. Como é que alguém pode chorar num país destes? Somos os maiores. Riam-se com a idiotice mentecapta da extrema direita, é sempre bom ver alguém que opta por não usar o cérebro. Afinal se assim não fosse, de quem nos iríamos rir? Riam-se com os comunas que ainda sonham com o regresso da URSS (aaaaaaaaaah que saudades da cortina de ferro) e que o sistema ideal é o cubano – os que fogem em barcos, canoas e panelas são todos cubanos imperialistas e capitalistas arraçados do Pacheco Pereira que estão fartos de viver num paraíso onde a miséria foi erradicada desde os anos 50. E se a política não vos faz rir porque não olham para a situação económica, ambiental, social, humana do mundo em que vivemos?

RIAM!

Porque independentemente de estarmos a chorar ou a rir, estaremos sempre fodidos. Pelo mundo que está ser farto de ser fodido por nós, pelo governo que tem o direito de nos foder por ter sido eleito por nós, pela criminalidade porque o povo está farto de ser fodido por toda a gente, até pelo pão que cai sempre com a manteiga virada para o chão.

Não tem nada a perder, só boa disposição a ganhar. Quando o vosso patrão vos tiver a foder, riam-se e pensem para vocês mesmos “ahaha cabrão do caralho, já me estás a foder”. Diminui o stress e aumenta a capacidade de recuperação. Se nos rirmos das nossas desgraças talvez nos leve a agir sobre elas em vez de ficarmos no nosso canto a chorar por sermos uns coitadinhos que não temos sorte nenhuma.

Aceitem o facto que estamos por cá para sermos encavados por tudo e por todos (e para encavar também) e para aprendermos com as encavadelas. Mais que não seja para aprender a rir.

Monday, January 08, 2007

Pró-Idiota

Recentemente vi uma notícia que me deixou meio enjoado/enojado. E como se tratava da hora da refeição, poderia ser alguma reportagem de operação ao pâncreas ou simplesmente uma entrevista ao José Castelo Branco, mas não. Era uma notícia de como estavam a proliferar os blogs pró-anorexia cá no burgo. Ao mesmo tempo que ouvi o pivot do telejornal a introduzir a notícia senti logo um calafrio de vómito (inventei agora) e simultaneamente estava a pensar "deixa cá ver o que vai sair daqui". Depois de alguns depoimentos de jovens que davam as razões do porquê de criarem e apoiarem o movimento o calafrio de vómito foi-se multiplicando junto com uma certa perplexidade. Segundo uma jovem - que ao falar dela própria disse que não se considerava gorda nem magra mas que queria perder mais peso - era um ideal de beleza que queriam seguir, não era ficar com os ossos todos à mostra mas apenas alguns (apontando para as ancas e zona acima do peito), acabando por admitir que era algo que se poderia tornar perigoso. Durante a reportagem podia se ver post(as) dos blogs em que se descrevia o que se tinha comido naquele dia (fixei um "Iupiiii peso 46kgs!!") e eu comecei a pensar de como realmente há muita pessoa idiota. Na opinião de um psicólogo (se não estou em erro), isto acabava por facilitar os doentes a serem tratados porque quem sofre de anorexia ou bulimia tem tendência a esconder tudo de toda a gente. Ora pois bem, como Portugal está sempre em último lugar em tudo o que é rankings da União Europeia, aqui está a nossa oportunidade de estarmos em primeiro lugar em algo, como é que ninguém se lembrou de qualquer coisa assim antes? Não paremos por aqui, vamos iniciar blogs pró-cancro, pró-sida, pró-lepra e porque não pró-peste-negra? Já não há mas de certeza que algum adolescente, frustrado de não ter amigos e de querer chamar a atenção de todos, lembra-se que a coisa é capaz de pegar e diz que apanhou peste negra quando foi assaltado por alguma pessoa de cor em Chelas.
Como tal faço aqui o apelo para a criação do primeiro blog pró-idiota. Será algo para nos manter na vanguarda. Um blog de apoio e partilha de opiniões de todos os idiotas, dos seus problemas, dúvidas e idiotices. Todos os que procuram pelo ideal da idiotice podem encontrar aqui o seu refúgio. Eu acho que faz sucesso. Pelo menos candidatos não parecem faltar.