Tuesday, September 11, 2007

Carneiros

Vou voltar a falar do caso Madeleine. Sei que já chateia. Se já chateava da última vez que falei, imagino agora. Mas vai ser apenas uma desculpa para falar de um fenómeno que aparece com frequência mas não é exclusivo a ele. É engraçado ver como tantas pessoas quiseram se associar ao casal britânico nas suas campanhas do "ajudem a encontrar a pequena Maddie" e que agora desapareceram todas. Aliás, não me admira nada que os que se mostravam extremamente preocupadas com a situação e chamavam de coitadinhos ao casal, lhe chamam agora de sacanas oportunistas e de assassinos. A capacidade que as pessoas tem de mudar de opinião com aquilo que lhes é dado a ver e ouvir pelos meios de comunicação é incrível. No fundo, o grande efeito que os mass media têm na população desde o final do século passado foi de nos ter transformado a todos numa população de carneiros. Se nos dizem amarelo, gritamos amarelo. Se nos dizem que não é amarelo, dizemos convictos que não é amarelo. Deixamos a capacidade de pensar para os jornalistas, pivots, investigadores. Temos tanta necessidade de conclusões finais e principalmente para julgar os outros, que tomamos para garantido boatos, teorias e tudo o que os orgãos de comunicação social nos mostram.
Não estou com isto a dizer que os MacCann são inocentes ou culpados. Apesar de todas as coisas estranhas que se passaram - tal como a primeira coisa que fizeram assim que descobriram que a filha desapareceu foi ligar para a Sky News e não para a polícia; o site ter sido montado de um dia para outro para recolher fundos e terem logo sido contratados acessores de imprensa de renome, um deles ser agora o acessor de imprensa do Primeiro Ministro britânico - o casal só será culpado quando for provado em tribunal. Estes julgamentos na praça pública só provam como as pessoas não têm coerência naquilo que dizem ou fazem.

Independentemente do casal ser culpado pelo assassinato da filha e por ter pago a dois dos melhores advogados da Inglaterra, com honorários a chegar aos 800 euros por hora, se safar das acusações.

No comments: