Somos insaciáveis. Queremos mais e mais e mais para disfarçar o quão perdidos estamos. Preciso disto, preciso daquilo, só nessa altura poderei ser feliz. A melhor forma de nunca passar pelo problema da desesperança em relação à fome será pedir o impossível e assim sabe-se que se vai ter sempre fome e que a solução pode cair, por milagre, no nosso joelho. Se se for por etapas, então a vida vai ser um constante de desilusões. Sonha-se com algo, deseja-se algo muito e consegue-se atingir esse objectivo. Passado pouco tempo é como se não se tivesse nada. Então precisa-se de se desejar uma outra coisa. Algo que faça com que se seja mais feliz, para tapar o vazio, matar a fome. Deseja-se, precisa-se, consegue-se. E vai-se acumulando coisas, pessoas, experiências. Sempre para tapar o vazio que continua a crescer. Até que se está muito cansado e velho. Não há forças para agir e espalha-se pelo corpo e manifesta-se sobre a forma de tristeza. Olha-se para trás e o que se vê não é tudo o que se conquistou, não é tudo o que se viveu. Apenas o que não se têm e o que não se viveu. A fome escava o vazio de cada ser humano. E apenas quando é tarde demais é que ele se dá conta que a fome nunca podia ter sido morta com coisas, com viagens, experiências ou pessoas. A fome devia ter sido morta com ele próprio porque o vazio de cada um é do tamanho de si próprio.
Monday, April 28, 2008
Monday, April 07, 2008
Acordo Ortográfico
Não consigo perceber as razões deste acordo ortográfico. Das vantagens. Claro que devem haver vantagens comerciais, afinal tem que se fazer novos dicionários, novos livros escolares, actualizações e revisões de programas informáticos. A razão, ou desculpa, que ouço mais é de que este acordo é algo que irá aproximar o Brasil de Portugal, pela cultura. E até faz sentido, visto haver um grande intercâmbio entre cidadãos de ambos os países. O que não faz sentido para mim é este acordo ser quase sempre (e posso estar errado por falta de informação) num sentido, ou seja a língua portuguesa de Portugal ser alterada com o que chamamos de brasileirismos. Não se trata de uma questão de nacionalismo ou xenofobia, é apenas uma pergunta que faço, porquê? Quais são as razões que levam a que acção tenha que passar a ser ação? O que é que os brasileiros cá em Portugal vão ganhar com isso? O que é que os portugueses no Brasil vão ganhar com isso? Estas alterações nunca foram muito bem explicadas e ainda não consegui perceber o porquê de elas acontecerem mas apesar disso, uma coisa eu tenho quase a certeza. Não é pela cultura nem do Brasil ou Portugal. Os motivos devem ser, como quase sempre, de razões económicas.
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